Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxista-Leninistas

Resolução sobre a região da África Ocidental e Mali

Desde 2010, a região da África Ocidental e particularmente a zona subsaariana estão marcadas pelas ingerências e intervenções militares das potencias imperialistas. Os objetivos dessas ações são:

  • Políticos, geoestratégicos e militares, relacionados com a luta pela repartição do mundo e do continente africano.
  • Econômicos, acesso ao petróleo do Golfo da Guiné, da Costa do Marfim; do urânio da Nigéria, e dos metais preciosos que abundam na região; da energia solar; cacau, café, etc.
  • A luta dos imperialistas anglo-saxões (EUA, Grã Bretanha) e francês para impedir a penetração na região de novos atores como China, Índia, Brasil, etc.
  • A vontade das potencias imperialistas de impedir qualquer tipo de protesto das massas populares condenadas à miséria e carentes de liberdade políticos, assim como a repressão que sofrem, exercida pelos governos fantoches corrompidos, e o desejo de impedir qualquer movimento insurrecional revolucionário.

Há que situar neste contexto a crise político-militar desde o golpe militar de estado do Comitê Nacional da Defesa e Restauração do Estado (CNDRE), de 22 de março de 2012, assim como a ocupação militar do Norte de Mali, iniciada em 22 de janeiro de 2012, que alcança dois terços do território nacional, ocupação levada a cabo pelo Movimento Nacional de Libertação AZAWAD (MNLA) e pelos “djihadistas” (AQMI, ANSAR, DINE, MUJAO, BOKO, HARAM…).

A crise político-militar em Mali tem graves consequências para os países vizinhos, concretamente na Argélia, Nigéria, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mauritânia, etc. E no conjunto dos países da região oeste africana, desestabilização de estados, proliferação de armas, deslocamentos massivos de populações até o sul de Mali, e milhares de refugiados em outros países vizinhos.

A crise político-militar de Mali é também uma ameaça aos interesses do imperialismo, particularmente o francês, nesse país e em toda a região. Por isso as manobras preparatórias para uma intervenção militar aberta que podem levar a cabo as tropas patrocinadas pela Comunidade Econômica dos Estados da África  Ocidental (CEDEAO), com o consentimento e apoio logístico das grandes potencias imperialistas (França, EUA) e da ONU sob o pretexto de “tornar segura a transição”, de “restabelecer a vida constitucional” e de “restabelecer a integridade territorial de Mali”. Trata-se de um plano reacionário das potencias imperialistas e de seus aliados na região para manter e reforçar sua dominação.

Diante dessa grave situação a Conferencia de Partidos e Organizações M-L (CIPOML):

  • Denuncia e condena os governos fantoches que abriram seu território (incluindo a Costa do Marfim, Mali, Burkina Faso, Nigéria, Mauritânia, Senegal) às tropas de agressão imperialistas.
  • Denuncia e condena a proclamação da independência do Estado de AZWAD pelo MLNA, instrumento do imperialismo francês.
  • Denuncia e condena os crimes cometidos contra os povos do norte do Mali pelo grupo terrorista AQMI, e pelos grupos islâmicos ANSAR-DINE, MUJAO e MNLA.
  • Apoia a valente resistência dos povos, especialmente de sua juventude, contra a opressão e as práticas medievais e obscurantistas.
  • Denuncia e condena os planos reacionários da CEDEAO em Mali.
  • Chama o proletariado e os povos dos países imperialistas, particularmente da França, a apoiar o povo maliano em sua luta por uma saída revolucionária da crise político-militar.
  • Pede solidariedade e apoio à luta dos povos da região da África Ocidental contra a dominação dos imperialistas e seus lacaios africanos.

Tunis, novembro de 2012

Conferência Internacional de Organizações e Partidos Marxistas-Leninistas (CIPOML)

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