Nos últimos dias, Burkina Faso (Alto Volta), país situado no oeste africano, tem sido protagonista de grandes lutas dos povos pela sua libertação do jugo do imperialismo capitalista. Burkina Faso vive um período revolucionário desde outubro de 2014, quando os movimentos populares depuseram Blaise Compaoré, ex-ditador que assumiu o país por 27 anos.
As eleições já estavam marcadas para o dia 11 de outubro, organizadas pelo Conselho Nacional de Transição (CNT), estabelecido pós-queda do ex-ditador e que não foi respeitada por uma fração do exército fascista e neocolonial, que, no dia 17 de setembro deste ano, sequestrou o presidente provisório, Michel Kafando, e seu primeiro-ministro, Isaac Zida.
O líder que dirigiu este golpe, Gilbert Diendéré, foi chefe do Estado Maior da Guarda Presidencial de Compaoré, acusado de assassinar o revolucionário Thomas Sankara em 1987, e atualmente faz parte do Regimento de Segurança Presidencial (RSP), uma espécie de guarda pretoriana de Compaoré, exilado na Costa do Marfim. Com o golpe, Diendéré criou o Conselho Nacional da Democracia (CND) e indicou seus membros. Estrategicamente, o RSP organiza redes militares e econômicas na Costa do Marfim, utilizadas como uma base de retaguarda para desestabilizar a transição conduzida pelo CNT.
O Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário Voltaico (PCRV) proclamou: “As pessoas devem denunciar e combater o golpismo e todos os instigadores reacionários da guerra civil dentro e fora e se opor a qualquer intervenção militar estrangeira em nosso país”, e ainda conclamou as “Forças de Defesa e Segurança, especialmente os oficiais, sargentos e praças, patriotas, democratas e revolucionários a não usarem as armas do povo contra ele”.
Em nota divulgada em 19 de setembro, a Unidade de Ação Sindical, coalizão de diversos sindicatos e movimentos de Burkina Faso, repudiou o golpe militar e convocou os trabalhadores para uma greve geral nos dias 30 e 31 de outubro, além de exigir a libertação do presidente provisório e do primeiro-ministro. Outro grande protagonista destas lutas foi a combativa União Geral Estudantil de Burkina Fasso (Ugeb), que deu direção e organizou os estudantes em todos os cantos do país, em auxílio à classe trabalhadora burquinense.
Em inúmeras cidades do país e na capital Ugadugu, o povo foi às ruas, organizou barricadas e se preparou para um enfrentamento aberto com as forças da repressão.
Não durou muito tempo. O povo, mais uma vez, mostrou que, com sua organização, derrotará qualquer besta fascista que se intrometer no caminho de suas vidas. Gilbert Diendéré e a Guarda de Elite do Exército saíram humilhados. Renderam-se no dia 29 de setembro. Tiveram de entregar a base de Naaba Koom II e “ceder os postos de segurança”, além de entregar as armas.
Um exemplo vivo da determinação dos burquinenses são as inúmeras barricadas feitas em todos os cantos, becos, vielas, na cidade e no campo, que ainda persistem. Não bastou a liberação dos presos políticos e a devolução do cargo de presidente em transição a Michel Kafando: os movimentos sociais seguem organizados no país e em luta.
Da Redação
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