Uma verdadeira onda de perseguições e prisões contra integrantes do MST foi desencadeada com o intuito de intimidar os movimentos sociais.
No final da tarde do dia 25 de janeiro, policiais fortemente armados invadiram os acampamentos do MST na região de Iaras-SP e prenderam nove militantes do Movimento que participaram da ocupação da fazenda da multinacional CUTRALE. Além das prisões foram cometidos vários abusos como o confisco de ferramentas e objetos pessoais dos assentados, ameaças e intimidações.
Em entrevista a imprensa durante o Fórum Social Mundial, Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do MST declarou: “Se o Estado brasileiro tomasse a iniciativa, se a Justiça fosse tão ágil para resolver essa situação como foi para prender os militantes do MST, a ocupação nem teria acontecido”. Mauro relatou que os militantes presos foram levados para diferentes presídios, “numa clara intenção de dispersar todos os militantes, caracterizando uma prisão política”.
A fazenda da Cutrale ocupada pelo MST está situada em terra comprovadamente pertencente à União e foram griladas pela multinacional. Por isso, a área é reivindicada há anos pelos sem-terra para reforma agrária. Portanto, a “Justiça” além de não punir a empresa estrangeira por roubar terras públicas, ainda prende os trabalhadores acusados de depredar o patrimônio da multinacional.
Ao ocuparem a fazenda, como forma legítima de lutar para que a terra seja devolvida ao povo, os trabalhadores tiveram que retirar parte dos laranjais para o plantio de agricultura familiar, já que a Cutrale é uma empresa de monocultura exportadora.
Poucos dias depois das prisões ocorridas em São Paulo, foram presos mais três integrantes do movimento no estado de Santa Catarina, acusados de planejar ocupações na região. Entre eles, o companheiro Altair Lavratti, da coordenação estadual do MST, preso na noite do dia 28 de janeiro quando realizava uma reunião pública em um galpão de reciclagem. A ação da polícia contou com a participação de mais de 30 policiais. Como parte do espetáculo a imprensa chegou, misteriosamente, junto com as viaturas da polícia.
Outras duas pessoas também foram presas, sendo que uma delas, Marlene Borges, que está grávida e é presidente da Associação Comunitária Rural, teve a casa cercada durante a madrugada e foi levada para Criciúma. O outro militante, Rui Fernando da Silva Junior, foi levado para a cidade de Laguna. Os três foram soltos apenas no final da tarde do dia 30 de janeiro, depois de grande mobilização do movimento popular.
As prisões contra militantes do MST em São Paulo e Santa Catarina são a continuação de uma série de ações promovidas pela grande burguesia com o apoio da grande mídia e do Judiciário, para intimidar e criminalizar aqueles que lutam pela reforma agrária. Como parte desta ofensiva, vemos a divulgação sensacionalista de imagens de integrantes do MST derrubando parte dos laranjais da multinacional Cutrale, a instalação de uma CPI contra o MST e uma série de matérias na televisão.
Estas ações mostram que o aparelho repressor que torturou e matou durante os 21 anos de ditadura militar no Brasil está mais ativo do que nunca.
Comitê Regional do Partido Comunista Revolucionário – São Paulo
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