No último sábado, dia 29 de outubro, em Móstoles/Madrid, realizou-se um emocionante ato em homenagem às Brigadas Internacionais; atos que também se comemoraram em outras cidades, como Guadalajara, onde as tropas de Mussolini foram derrotadas pelo Exército Republicano, com a participação dos brigadistas internacionais (incluindo numerosos italianos antifascistas).
Há 80 anos, em outubro de 1936, milhares de homens e mulheres antifascistas, de diferentes países do mundo, jovens em sua grande maioria, vieram em ajuda dos combatentes espanhóis que fizeram frente ao levante de Franco contra o governo legítimo da República.
Franco se voltou contra a República depois do triunfo da Frente Popular, em fevereiro de 1936. As mudanças estavam se aprofundando na Espanha a partir da queda da monarquia e com a instauração da República Espanhola, em 1931.
A sublevação foi rechaçada pelo Exército leal à República e pela valente luta dos povos da Espanha que resistiram durante três anos ao exército sublevado de Franco, que contava com a ajuda da Alemanha nazista e da Itália fascista.
Iniciara-se na Espanha o combate ao fascismo em nível internacional; esta era a essência que compreenderam muito bem os jovens internacionalistas que vieram ajudar a República espanhola. Foi a primeira batalha da Segunda Guerra Mundial.
Como escreveu Antonio Machado, em homenagem às Brigadas Internacionais:
“Amigos muito queridos, companheiros, irmãos: a verdadeira Espanha, que é a fiel ao Governo de sua República, nunca poderá esquecer-lhes. Em sua alma leva escritos seus nomes. Ela sabe muito bem que merecia seu apoio, sua ajuda generosa e desinteressada. É um dos mais altos anéis de glória que se possa ostentar.”
O evento foi organizado pelo Agrupamento Republicano de Móstoles, ao qual se juntaram muitas organizações políticas e sociais, associações de resgate da memória histórica, organizações de jovens antifascistas, incluindo o Partido Comunista da Espanha (marxista-leninista).
A cerimônia transcorreu com emotivas intervenções pela memória dos combatentes internacionalistas, de reivindicação da Verdade, da Justiça e da Reparação a todas as vítimas do franquismo (na Espanha há mais de cem mil mortos pela repressão do regime de Franco, uma vez terminada a guerra, que ainda estão enterrados em valas comuns, sem identificação).
Tivemos a sorte de contar com a presença do companheiro Edival Nunes Cajá, do Centro Cultural Manoel Lisboa, do Brasil, que tomou a palavra.
Cajá, em sua intervenção, fez uma apresentação da situação do Brasil, do trabalho desenvolvido pelo Centro que ele preside, para a recuperação da memória das vítimas da ditadura fascista e seu interesse para estender a memória aos combatentes brasileiros que participaram das Brigadas Internacionais na Espanha. Segundo ele, “recuperar a memória dos lutadores antifascistas não é um feito nostálgico, mas sim uma necessidade para ajudar a impulsionar a luta contra o avanço do fascismo no mundo hoje e para alertar dos perigos reais de uma Terceira Guerra Mundial”.
Ao final, o cantor e compositor Juanjo Anaya dedicou suas canções revolucionárias aos combatentes pela liberdade e, todos juntos, entoaram A Internacional.
Porque fizestes renascer com seu sacrifício
A fé perdida, a alma ausente, a confiança na terra,
E por sua abundância, para sua nobreza, por seus mortos,
Como por um vale de duras rochas de sangue
Passa um imenso rio enorme com pombas de esperança e de aço.
PABLO NERUDA
Lola Val, Partido Comunista da Espanha (m-l)
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