Hoje é um dia muito especial para a classe trabalhadora do mundo inteiro. Há exatamente 100 anos, os operários e camponeses russos, liderados por Lênin e o Partido Bolchevique, conquistavam o poder na Rússia, provando que os trabalhadores podem conquistar o poder, governar e dirigir a economia.
Todos os dias, a burguesia, de maneira incansável, ataca a Revolução Russa, desde o seu início, quando mais de uma dezena de exércitos de vários países tentaram destruir o poder proletário que havia se estabelecido, até hoje, quando acompanhamos as vergonhosas calúnias nos filmes e livros escritos por intelectuais da burguesia, que têm por objetivo enganar o proletariado e impedir a sua libertação.
Para os revolucionários, é um dever defender a Revolução Russa e a experiência soviética, aprender com erros, mas principalmente demonstrar os seus gigantescos acertos.
Na Rússia, após a conquista do poder pelos trabalhadores, as mulheres passaram a ter direitos que em nenhuma parte do mundo haviam conquistado, foram chefes de Estado, dirigentes militares, comandavam fábricas, libertaram-se do trabalho doméstico, desenvolveram as artes e tiveram grande protagonismo.
Os camponeses deixaram de ser pobres, o latifúndio foi extinto e a produção de alimentos passou a ter como objetivo satisfazer a fome do povo.
O desemprego acabou, todos tinham moradias dignas, os operários comandavam a economia e definiam o que deveria ser produzido, a riqueza foi distribuída, centenas de universidades foram criadas, a Rússia deixou de ser um país de analfabetos e foi o primeiro país a mandar um homem para o espaço.
O racismo, a xenofobia e qualquer forma de preconceito foram eliminados. Pelo contrário, a União Soviética ajudou vários países africanos e latinos na luta contra o colonialismo europeu e contra as intervenção estadunidenses.
Também foi a União Soviética, através da liderança de Stálin e da luta heróica de seu povo, que derrotou o nazi-fascismo durante a II Guerra Mundial e salvou a humanidade da besta hitlerista.
Diante de tantos feitos, qual a razão do fim da União Soviética?
A primeira coisa a se dizer é que o fim dessa experiência socialista não veio com os erros do socialismo, mas sim, foi resultado de ilusões com o capitalismo. A partir de 1960, assumiu o poder uma camarilha de oportunistas na União Soviética, que passou a realizar reformas capitalistas no país, deixou de lado o internacionalismo proletário e adotou a tática de desenvolver esferas de influência, pensando ser possível a coexistência pacífica entre capitalismo e socialismo, desde que sob uma “guerra fria”, e possibilitando a penetração da ideologia e da propaganda burguesas no país.
Assim, sem essa abertura ao capitalismo promovidas a partir da chegada de Kruschov ao poder, a realidade seria bem distinta.
A segunda questão é que, ao invés de se seguir produzindo o que era necessário para atender às necessidades do povo, como foi feito durante os governos de Lênin e Stálin, passou a ser priorizada a indústria bélica. Também a participação do povo nas decisões foi se reduzindo porque os burocratas que assumiram o poder após a morte de Stálin assim o quiseram.
Desse processo podemos extrair várias lições da Revolução de Outubro na Rússia, mas destacaremos duas:
- a) É possível a classe operária conquistar o poder e realizar uma revolução que destrua o Estado burguês e construa o poder popular e o socialismo; b) Que não se pode fazer concessões com a burguesia. Se fizer antes da conquista do poder, tira do povo a possibilidade de vitória da Revolução; se fizer depois, abre a possibilidade de perder o poder conquistado com a Revolução.
Do ponto de vista da classe trabalhadora, não há nada mais atual que lutar pela Revolução Socialista. O capitalismo se tornou um entrave no desenvolvimento da humanidade em todos os aspectos. O desenvolvimento das forças produtivas já é infinitamente superior ao modo de produzir capitalista, a consequência da sua continuidade é toda essa miséria e desgraças que vemos: guerras de rapina, desumanização dos seres humanos e superconcentração de riquezas nas mãos de uma minoria insignificante de pessoas.
Os oito homens mais ricos do mundo possuem a mesma riqueza que metade de humanidade, segundo dados da ONG Oxfam. Esta entidade já havia feito a mesma pesquisa em 2016, concluindo que os 62 mais ricos do mundo eram donos da mesma riqueza de metade da humanidade. Ou seja, o número passou de 62 para oito em apenas um ano e em plena crise econômica do capitalismo.
Já a fome aumentou. Segundo a insuspeita ONU, o número de pessoas que sofrem com insegurança alimentar grave cresceu 35% entre 2015 e 2017. Passou de 80 milhões para 108 milhões de pessoas.
Como explicava Karl Marx em O Capital, “a acumulação de riqueza num dos pólos determina no pólo oposto, no pólo da classe que produz o seu produto como capital, uma acumulação igual de miséria, de tormentos, de trabalho, de escravidão, de ignorância, de embrutecimento e de degradação moral”.
No caso do Brasil não é diferente. O desemprego atinge mais de 14 milhões de pessoas e, se incluirmos os que deixaram de procurar trabalho, esse número ultrapassa 25 milhões de pessoas. Segundo a Oxfam, em nosso país, as seis pessoas mais ricas possuem a mesma riqueza que 100 milhões de brasileiros, ou seja, de metade da população.
Além disso, os banqueiros através do Governo Temer, têm destruído o que resta dos direitos da classe trabalhadora e condenado o povo à total degradação social. Portanto, não há outra saída para a classe trabalhadora senão lutar de maneira decidida contra o capitalismo, a burguesia e seu Estado.
A experiência da Revolução Russa, em todos os seus aspectos, é atual e necessária, deve ser ensinamento e inspiração para o proletariado brasileiro e mundial, pois ilumina o caminho a seguir para acabar com o sofrimento, o desemprego, a miséria e alcançar a liberdade e a felicidade: conquistar o poder, socializar os meios de produção, destruir o Estado burguês e construir o poder popular e o socialismo.
“Nós começamos esta obra. Quando precisamente, em que prazo os proletários de qual nação culminarão esta obra – é uma questão não essencial. O essencial é que se quebrou o gelo, que se abriu caminho, que se indicou a via.” (Lênin)
Magno Francisco, professor e militante da Unidade Popular
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