Um dos maiores compositores da música popular brasileira, Geraldo Vandré, completou 75 anos no dia 12 de setembro. O paraibano é autor de Pra não dizer que não falei de flores (ou Caminhando), uma das canções mais entoadas pelo povo durante a ditadura militar, censurada pelo regime, e Disparada, vencedora do Festival da Música Popular Brasileira em 1966. (Disparada empatou no festival com a música A banda, de Chico Buarque.
Militante estudantil, participou ativamente do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE. Perseguido pela ditadura, Vandré foi preso e torturado e obrigado a dar declaração em favor do governo e negando as torturas que sofreu.
Vandré lançou cinco LPs, o último em 1973, quando voltou ao Brasil, após quatro anos no exílio. Seu disco mais político vem no ano de 1968, “Canto Geral” com dez músicas, algumas delas desclassificadas em festivais.
Ele vive hoje em São Paulo e é funcionário público aposentado. A seguir o Jornal A Verdade publica a letra de duas canções de Geraldo Vandré, em sua homenagem.
Ninguém pode mais sofrer
Composição: Geraldo Vandré e Luiz Roberto
Quem vai me escutar?
Quem vai me entender?
Ninguém pode mais sofrer
Quem vai me escutar?
Quem vai me entender?
Ninguém pode mais sofrer
Amor é pra dar
Viver pra viver
Ninguém pode mais sofrer
Há numa canção
Muito de ilusão
Mas nessa tristeza
Meu samba é certeza
De que um dia
O mundo a cantar
Também vai dizer
Ninguém pode mais sofrer.
Porta-estandarte
Composição: Geraldo Vandré
Olha que a vida tão linda se perde em tristezas assim
Desce o teu rancho cantando essa tua esperança sem fim
Deixa que a tua certeza se faça do povo a canção
Pra que teu povo cantando teu canto ele não seja em vão
Eu vou levando a minha vida enfim
Cantando e canto sim
E não cantava se não fosse assim
Levando pra quem me ouvir
Certezas e esperanças pra trocar
Por dores e tristezas que bem sei
Um dia ainda vão findar
Um dia que vem vindo
E que eu vivo pra cantar
Na avenida girando, estandarte na mão pra anunciar.
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