Continuando o trabalho de formação política e de coesão partidária, o Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR) promoveu em agosto sua 5ª Conferência Nacional de Quadros. A atividade ocorre exatamente um ano após a 4ª Conferência, dado o avanço da luta de classes no mundo e o rápido desenvolvimento da crise política no Brasil.
Inicialmente, foi estudado o documento Nossas Tarefas, do 5º Congresso do PCR, dezembro de 2013, que faz uma avaliação interna da organização e coloca os desafios para o próximo período. No balanço realizado, verificaram-se grandes êxitos nas lutas travadas pelos militantes do PCR e da UJR, como lutas estudantis, participação em greves, ocupações de sem-teto, fortalecimento da presença e participação das companheiras dentro e fora da organização, etc. Porém, o crescimento da influência do Partido em setores cada vez amplos não se reverteu ainda, como esperado, no crescimento do número de militantes. Novos estados foram atingidos, outros fortalecidos, mas observa-se um desenvolvimento desigual entre estados e regiões. Uma das autocríticas necessárias para corrigir estes defeitos é com o trabalho de agitação e propaganda, com a venda do jornal A Verdade, com a formação de tribunos populares que levem a linha do Partido e as palavras de ordem do momento para a classe operária.
Em seguida, o informe do comitê central política apontou que o sistema capitalista vive sua crise mais profunda desde a Segunda Guerra Mundial, crise que eclodiu em 2008 e que tem provocado o aumento das contradições interimperialistas, seja na base das disputas econômicas, como a saída da Grã-Bretanha da União Europeia, a criação do Tratado do Transpacífico (TPP), a crescente presença da China na América Latina; seja com um maior dissenso entre as potências na ONU, a anexação da Crimeia pela Rússia, a guerra civil na Síria (que já matou mais de 500 mil pessoas), o drama dos refugiados, os atentados terroristas em diversos países. Assim, é possível afirmar que uma Terceira Guerra Mundial está sendo gestada e que os revolucionários precisam fortalecer sua articulação internacional e seu compromisso para barrar as guerras imperialistas e deflagrar a Revolução Socialista.
Crise política no Brasil
O informe também adentrou nas questões relativas à crise política no Brasil e, ao final do debate, foi aprovada uma resolução que expressa claramente o que pensa o Partido neste momento. Segue abaixo um trecho:
“Em nosso país, desde o término das eleições de 2014, advertimos que o caminho seguido pelo governo do PT e pela presidenta Dilma (buscar apoio na direita para governar, abandonar suas propostas da campanha eleitoral e adotar o plano da grande burguesia de jogar a crise econômica nas costas dos trabalhadores, o chamado “ajuste fiscal”) causaria, além do aprofundamento da crise econômica, o isolamento político do governo da maioria do povo.
Porém, como sabemos, o processo de direitização do PT e a degeneração desse partido começou antes da primeira eleição de Lula para a Presidência da República, quando fez aliança com a burguesia nacional, sendo José Alencar seu vice, um dos mais ricos capitalistas do país, e lançou a Carta aos Brasileiros, jurando fidelidade à economia de mercado, ao capital financeiro e à burguesia mundial. Na realidade, o PT e o PCdoB abandonaram seus programas e ideias e passaram a defender o nacionalismo burguês, a aliança com os partidos de direita, em nome de uma governabilidade que paga a dívida pública, mas não faz reforma agrária. Passaram a defender também que a solução para o Brasil é a harmonia entre os interesses da burguesia e da classe operária. Em síntese, não representam nem são uma alternativa popular, nem mesmo progressista, para o nosso povo. As massas trabalhadoras e os pobres de nosso país estão órfãos.
Tampouco a direita é uma solução. Basta lembrarmos o que fizeram durante os 21 anos de ditadura militar, as privatizações e a corrupção dos governos Sarney, Collor, FHC, PSDB, etc.
Em dois meses, o Governo Temer mostrou que representa o que tem de mais corrupto, mais reacionário e antinacional na sociedade brasileira. Seu programa se resume a aumentar as riquezas de uma minoria de privilegiados, das classes ricas, e massacrar os pobres, os trabalhadores.
Temos, portanto, que convocar os trabalhadores e o povo para lutar pela derrubada desse governo e colocar em seu lugar um governo popular e revolucionário, um governo verdadeiramente dos trabalhadores, sem exploradores e patrões, um governo que ponha fim ao sofrimento do nosso povo e à exploração que sofre há séculos.”
Construir a Unidade Popular
Ao colocar que “as massas trabalhadoras e os pobres de nosso país estão órfãos” quanto à representação política, a direção do PCR e seus quadros se colocam inteiramente no sentido de dar uma resposta concreta a este cenário.
Após anos de acúmulo do debate, foi lançada, há dois anos, a campanha pela legalização de um novo partido político para representar os interesses das classes trabalhadoras nos espaços institucionais, na disputa política imediata, nas tribunas dos parlamentos: a Unidade Popular pelo Socialismo (UP).
A UP recolheu mais de 115 mil assinaturas de apoio, que foram canceladas por uma decisão arbitrária do ministro-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o reacionário Gilmar Mendes, após mais restrições na lei que rege o funcionamento dos partidos no Brasil, sempre no sentido de dificultar que o povo pobre e a classe trabalhadora se organizem livremente.
Sendo assim, a UP retoma, ainda neste mês de setembro, a coleta de assinaturas em todo o país, agora com mais experiência, mais energia da militância e com um nome já consolidado em importantes espaços de atuação política, como nas manifestações contra o golpe da direita e contra a retirada de direitos.
São necessárias quase 500 mil assinaturas válidas dentro do prazo máximo de dois anos para legalizar o partido. Para tanto, todos os sábados serão dedicados à coleta intensiva, com a participação do conjunto da militância, além de coletas diárias realizadas por equipes fixas e do trabalho de cada coletivo militante, dos filiados e apoiadores.
Construir a Unidade Popular se tornou uma tarefa urgente e inevitável para arregimentar as massas trabalhadoras, as mulheres e a juventude para a luta contra o oportunismo político, para desgastar ainda mais o Estado burguês e o sistema capitalista e para acumular forças na luta pelo socialismo no Brasil e na América Latina.
Da Redação
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