O papel de Stálin na Segunda Guerra Mundial foi determinante para a vitória da humanidade sobre o nazismo. Caluniado por seus opositores internos e pelos ideólogos burgueses após sua morte em 1953, seus méritos militares raramente recebem o destaque que merecem, enquanto que batalhas e líderes de menor envergadura recebem mais destaque que o líder de aço soviético.
Quando se fala da II Guerra Mundial, é preciso sempre dizer que, de fato, não houve só uma guerra, mas várias. A guerra que levou os imperialismos anglo-americano e francês contra seu concorrente alemão não tinha muita coisa em comum com a guerra nacional antifascista da União Soviética. A guerra no Ocidente tinha sido uma guerra entre dois exércitos burgueses. No combate contra a invasão hitlerista, a classe dirigente francesa não queria nem podia mobilizar e armar as massas trabalhadoras por uma luta de morte contra o nazismo. Após a derrota das suas tropas, Pétain, o herói da I Guerra Mundial, assinou o ato de capitulação e entrou de pé leve na colaboração. Quase em bloco, a grande burguesia francesa se arrumou sob as ordens de Hitler, tentando tirar o melhor partido da Nova Europa alemã. A guerra do Oeste permaneceu, de qualquer sorte, uma guerra mais ou menos “civilizada” entre burgueses “civilizados”.
Nada de comparável na União Soviética. O povo soviético teve de fazer frente a uma guerra com toda uma outra natureza. E um dos méritos de Stalin é de tê-la compreendido e de estar coerentemente preparado.
Antes do começo da operação Barbarossa, Hitler já tinha claramente anunciado o colorido. Em seu Diário, o general Halderregistrounotas de um discurso que Hitler pronunciou diante dos seus generais,a 30 de Maio de 1941. O füher falava da guerra por acontecer com a União Soviética.
“Luta de duas ideologias. Julgamento humilhante a respeito do bolchevismo: ele é como um crime a-social. O comunismo representa um perigo horrível para o futuro. (…) Trata-se de uma luta de aniquilamento. Se nós não tomarmos a questão sob este ângulo, nós abateremos com certeza o inimigo, mas,em 30 anos, o inimigo comunista se oporá de novo. Nós não faremos a guerra para guardar nosso inimigo. (…) Luta contra a Rússia: destruição dos comissários bolcheviques e da inteligênciacomunista.”
Note-se que se trata aqui da “solução final” – mas não contra os judeus.
As primeiras promessas de “guerra de aniquilamento” e de “destruição física” foram endereçadas aos comunistas soviéticos.
E efetivamente, os bolcheviques, os soviéticos, foram as primeiras vítimas dos extermíniosde massa.
O general Nagel escreveu em Setembro de 1941:
“Contrariamente à alimentação de outros prisioneiros (quer dizer ingleses e americanos) nós não temos compromissocom nenhuma obrigação de ter de alimentar prisioneiros bolcheviques.”
Nos campos de concentração de Auschwitz e de Chelmno, “prisioneiros soviéticos foram os primeiros, ou estiveram entre os primeiros, a ser deliberadamente mortos por injeções letais e pelo gás.”
O número de prisioneiros de guerra soviéticos mortos nos campos de concentração, “no curso dos deslocamentos”, em “circunstâncias diversas”, atingiu a cifra de3.289.000 homens! Quando as epidemias se espalhavam nas barracas dos soviéticos, os guardas nazistasnão penetravam aí, “salvo com equipes de lança-chamas quando, por‘razões de higiene’, os morimbundos e os mortos eram queimados juntamente com suas camas, em farrapos cheios de vermes”. Pode ter havido cinco milhões de prisioneiros assassinados, ao se levar em conta os soldados soviéticos “simplesmente abatidos nos locais”, nos momentos em que eles se rendiam.
Assim, as primeiras campanhas de extermínio, as mais vastas também, foram dirigidas contra os povos soviéticos, nos quais se incluía o povo judeu soviético. Os povos da URSS tiveram o maior sofrimento, tendo contadoo maior número de mortos – 23 milhões – mas eles também faziam prova da mais feroz determinação do mais ardente heroísmo.
Até a agressão contra a União Soviética, não houvera grandes massacres de populações judias. Nesse momento, os nazistas não haviam encontrado ainda nenhum tipo de resistência séria. Mas, desde os seus primeiros passos no solo soviético, esses nobres alemães tiveram de enfrentar adversários oferecendo combate até sua última gota de sangue. Desde as primeiras semanas, os alemães sofreram perdas severas, e isso contra uma raça inferior, contra os eslavos, e pior ainda, contra os bolcheviques. A fúria exterminadora dos nazistas nasceu de suas primeiras perdas maciças. Quando a besta fascista começou a sangrar sob os golpes do Exército Vermelho,ela pôs em prática a “solução final” para o povo soviético.
A 26 de novembro de 1941, o 30º Corpo do Exército, ocupando um vasto território soviético, tinha ordenadoencerrar nos campos de concentração, como reféns,“todos os indivíduos que eram das famílias dos resistentes”, “todos os indivíduos suspeitos de estarem em relação com os resistentes”, “todos os antigos membros do Partido” e “todos os indivíduos que ocupassem funções oficiais”. Para um soldado alemão morto, os nazistas decidiram matar ao menos dois reféns.
A 1º de Dezembro de 1942, quando de uma discussão com Hitler sobre a guerra dos resistentes soviéticos, o general Jodl resumiu a posição alemã nesses termos:
“No combate, nossas tropas podem fazer aquilo que elas quiserem: pendurar os resistentes com a cabeça para baixo ou esquartejá-los.”
A bestialidade com a qual os hitleristas perseguiam e liquidavam todos os membros do Partido, todos os resistentes, todos os responsáveis pelo Exército Soviético e seus familiares nos fizeram melhor compreender os sentidos dos Grandes Expurgos dos anos 1937-1938. Nos territórios ocupados, contra-revolucionários irredutíveis que não foram sido liquidados em 1937-1938 puseram-se a serviço dos hitleristas, informando-os sobre todos os bolchevistas, suas famílias, seus companheiros de luta.
Na medida em que a guerra no Leste adquiria um caráter cada vez mais encarniçado, a demência mortífera dos nazistas contra todo um povo se intensificou. Himmler, dirigindo-se aos dirigentes das SS, falava em junho de 1942 de uma “guerra de extermínio” entre duas “raças e povos” que se engajaram em um combate “incondicional”. Havia de um lado há “aquela matéria bruta, aquela massa, esses homens primitivos, ou melhor, esses sub-homens dirigidos pelos comissários políticos”, do outro lado, nós, os alemães”.
Um terror sanguinário,jamais praticado antes: tal foi a arma com a qual os nazistas quiseram obrigar os soviéticos à capitulação moral e política.
“Durante os combates para a tomada de Khárkov”, dizia Himmler, “nossa reputação de despertar o medo e de semear o terror nos precedia. Era uma arma extraordinária que era preciso sempre reforçar.”
E os nazistas tinham reforçado o terror.
A 23 de agosto de 1942, às 18 horas precisamente, mil aviões começaram a largar bombas incendiárias sobre Stalingrado. Nesta cidade, onde viviam 600 mil habitantes, havia muitos imóveis construídos com madeira, reservatórios de combustíveis, reservas de carburantes para as usinas. Eremenko, que comandou a frente de Stalingrado, escreveu:
“Stalingrado foi imersa nos clarões do incêndio, rodeada de fumaças e fuligem. Toda a cidade ardia. Enormes nuvens de fumaça e de fogo turbilhonavam acima das usinas. Os reservatórios de petróleo pareciam vulcões vomitando suas larvas. Centenas de milhares de tranqüilos habitantes estavam em perigo. O coração apertava de compaixão pelas vítimas inocentes do canibalismo fascista.”
É preciso ter uma visão clara destas realidades insuportáveis para compreender certos aspectos daquilo que a burguesia chama de “stalinismo”. Durante a depuração, burocratas incorrigíveis, derrotistas e capitulacionistas foram ameaçados; muitos dentre eles foram enviados à Sibéria. Um Partido desgastado pelo derrotismo e pelo espírito de capitulação não teria jamais podido mobilizar e disciplinar o povo para se contrapor ao terror nazista. E foi isso que fizeram os soviéticos nas cidades sitiadas, em Leningrado e em Moscou. E mesmo no braseiro de Stalingrado, os homens que sobreviveram jamais se renderam e finalmente participaram da contra-ofensiva.
Durante a agressão alemã, em junho de 1941, o general do exército Pavlov, no comandoda frente Oeste, deu prova de incompetência grave e de negligência. A 28 de junho, a perda de da capital bielorussa, Minsk, foi a consequência. Stalin convocou Pavlov e seu Estado-Maior a Moscou. Jukov anotou que, “por proposta do Conselho Militar da Frente Oeste”, eles foram levados a julgamento e fuzilados. Elleinstein apressou-se em dizer que assim Stalin continuou a aterrorizar seu ambiente. Ora, frente à barbárie nazista, a direção soviética devia exigir uma atitude inquebrantável e uma firmeza a toda prova e todo ato de irresponsabilidade grave tinha de ser punido com o rigor necessário.
Quando a besta fascista começou a receber golpes mortais, ela tentou recobrar coragem com banho de sangue, praticando o genocídio contra o povo soviético caído nas suas mãos.
Himmler declarou a 16 de dezembro de 1943, em Weimar:
“Quando fui obrigado a dar, em um vilarejo, ordem para marchar contra os guerrilheiros e os comissários judeus, eu tinha sistematicamente dado a ordem de matar igualmente as mulheres e as crianças desses resistentes e desses comissários. Eu teria sido um relaxado e um criminoso frente a nossos descendentes se tivesse deixadovivas as crianças cheias de ódio daqueles sub-homens abatidos no combate do homem contra o sub-homem. Nós devemos ter consciência do fato de que nos encontramos em um combate racial primitivo, natural e original.”
O chefe da SS tinha dito em outro discurso em Kharkov, a 24 de abril de 1943:
“Por que meiospoderíamos tirar do russo mais homens, mortos ou vivos? Conseguiríamos isso matando-os, fazendo-os prisioneiros, fazendo-os trabalhar verdadeiramente e não devolvendo (alguns territórios) ao inimigo, senão após tê-los esvaziado completamente de seus habitantes. Entregar homens ao russo seria um grosso erro.”
Esta realidade de terror inaudito que os nazistas praticaram na União Soviética, contra o primeiro país socialista, contra os comunistas, é quase sistematicamente ocultada ou minimizada na literatura burguesa. Esse silêncio tem um objetivo muito preciso. Quanto mais as pessoas ignoram os crimes monstruosos cometidos contra os soviéticos, mais facilmente pode-se fazer engolir a ideia de que Stalin foi, ele também, um ditador comparável a Hitler. A burguesia escamoteia o verdadeiro genocídio anticomunista para poder ostentar mais livremente aquilo que ela tem em comum com o nazismo: o ódio irreconciliável ao comunismo, o ódio de classe para com o socialismo. E para obscurecer o maior genocídio da guerra, a burguesia dirige exclusivamente os holofotes contra outro genocídio, o dos judeus.
Em um livro notável, Arno J. Mayer, cujo pai era sionista de esquerda, mostra que o extermínio dos judeus não começou senão no momento em que os nazistas, pela primeira vez, sofreram duras perdas. Foi em junho-julho de 1941, contra o Exército Vermelho. A bestialidade exercida contra os comunistas, depois as derrotas inesperadas que abalaram o sentimento de invencibilidade dos Ubermenschen, criaram o ambiente que permitiu o holocausto.
“O genocídio judeu foi forjado no fogo de uma guerra formidável para conquistar à Rússia um “espaço vital” ilimitado, para esmagar o regime soviético e para liquidar o bolchevismo internacional. (…) Sem a operação Barbarossa não teria havido nem poderia haver catástrofe judaica, de “solução final”.” Só quando os nazistas se confrontaram com a realidade das derrotas na frente russa,eles decidiram por uma “solução global e definitiva” do “problema judeu”, durante a conferência de Wannsee, em 20 de janeiro de 1942.
Os nazistas criaram depois de longos anos seu ódio ao “judeu-bolchevismo”, o bolchevismo sendo, segundo eles, a pior invenção dos judeus. A resistência feroz dos bolcheviques impediu os hitleristas de terminarem com seu inimigo principal. Então,eles dirigiram suas frustrações contra os judeus, que eles exterminaram em um movimento de vingança cega.
Como a grande burguesia judaica era conciliadora para com o Estado hitlerista – em certos casos, cúmplice mesmo – a maioria dos judeus foi abandonada com resignação a seus carrascos. Mas os judeus comunistas, que agiam com o espírito internacionalista, combateram,com armas na mão, os nazistas e uma parte da esquerda judaica entrou para a resistência. A grande massa dos judeus pobres foi morta em câmaras de gás. Mas muitos ricos tiveram sucesso migrando para os Estados Unidos. Após a guerra, eles se posicionaram a serviço do imperialismo norte-americano e de Israel, a cabeçadeponte deste no OrienteMédio. Eles falam em profusão do holocausto dos judeus, mas em uma ótica pró-israelense; ao mesmo tempo, eles dãolivre curso a seus sentimentos anticomunistas e insultam assim a memória dos judeus comunistas que realmente enfrentaram os nazistas.
Para terminar, uma palavra sobre a forma pela qual Hitler preparou o espírito dos nazistas para massacrar indiferentemente 23 milhões de soviéticos. Para transformar seus homens em máquinas de matar, ele lhes enculcou que um bolchevique não era um homem, mas um animal.
“Hitler advertia suas tropas de que a força inimiga era ‘largamente composta de animais e não de soldados’, condicionados a combaterem com uma ferocidade animal.”
Para levar as tropas alemãs ao extermínio dos comunistas, Hitler lhes dizia que Stalin e os demais dirigentes soviéticos eram “criminosos enlameados de sangue (que tinham) matado e exterminado milhões de intelectuais russos, com sua sede selvagem de sangue… (e) que tinham exercido a tirania mais cruel de todos os tempos”.
“Na Rússia, o judeu sanguinário e tirânico matou, muitas vezes com torturas desumanas, ou exterminou pela fome com uma selvajaria verdadeiramente fanática cerca de 30 milhões de homens.”
Assim, na boca de Hitler, a mentira dos “30 milhões de vítimas de stalinismo” serviu para preparar psicologicamente a barbárie nazista e o genocídio dos comunistas e resistentes soviéticos.
Ressaltemos de passagem que Hitler inicialmente tinha posto essas “30 milhões de vítimas” na conta de… Lenin. De fato, essa mentira repugnante figurava já no MeinKampf, escrito em 1926, bem antes da coletivização e da depuração! Em ataqueao judeu-bolchevismo, Hitler escreveu:
“Com uma ferocidade fanática, o Judeu matou na Rússia cerca de 30 milhões de homens, muitas vezes sob torturas desumanas.”
Meio século mais tarde, Brzezinski, o ideólogo oficial do imperialismo norte-americano retoma palavra por palavra todas essas infâmias nazistas:
“É absolutamente razoável (!) estimar as vítimas de Stalin em no mínimo em 20 e talvez 40 milhões.”
Os méritos militares de Stálin
Como seria impossível avaliar finalmente os méritos militares daquele que dirigiu o Exército e os povos da União Soviética no curso da maior guerra, a mais pavorosa que a história já conheceu?
Apresentemos antes a opinião de Khruchov.
“Stalin tinha tentado muito fazer passar-se por um grande chefe militar. Reportemo-nos por exemplo a nossos filmes históricos. É desencorajante. Não se trata senão de propagaro tema segundo o qual Stalin era um gênio militar”.
“Não foi Stalin, mas sim o Partido inteiro, o governo soviético, nosso heróico exército, seus chefes talentosos e seus bravos soldados que alcançaram a vitória na grande guerra patriótica (tempestade de aplausos prolongados).”
Não foi Stalin! Não Stalin, mas o Partido inteiro. E este Partido inteiro obedecia sem dúvida às instruções do Espírito Santo.
Khruchovfazia parecer glorificar o Partido, este corpo coletivo de combate, para diminuir o papel de Stalin. Organizando o culto de sua personalidade, Stalin teria usurpado a vitória que o Partido “inteiro” tinha arrancado. Como se Stalin não fosse o dirigente mais eminente desse Partido, aquele que, no curso da guerra, fez prova da mais espantosa capacidade de trabalho, da maior tenacidade e clarividência. Como se todas as decisões estratégicas não tivessem sido resolvidas por Stalin, mas contra ele, por seus subordinados.
Se Stalin não foi um gênio militar, é necessário concluir que a maior guerra da história, aquela que a humanidade travou contra o fascismo, teria sido ganha sem gênio militar. Porque nesta guerra terrificante, ninguém desempenhou um papel comparável àquele desempenhado por Stalin. Mesmo AverellHarriman, o representante do imperialismo americano, após ter repetido os clichês obrigatórios a propósito do “tirano que era Stalin”, destacou sua “grande inteligência, sua fantástica capacidade de entrar nos detalhes, sua perspicácia e sua sensibilidade humana surpreendente, que ele pôde manifestar, ao menos durante a guerra. Eu acho que ele era mais bem-informado que Roosevelt, mais realista do que Churchill, sob vários aspectos o mais eficaz dos dirigentes da guerra.”
“Stalin presente, não havia mais lugar para ninguém. Onde estavam então nossos chefes militares?”, exclamou o demagogo Khruchov. Ele bajulava os marechais: não foram vocês os verdadeiros gênios militares da II Guerra Mundial? Finalmente, Jukov e Vassilevski, os dois chefes militares mais eminentes, deram a sua opinião, respectivamente 15 e 20 anos após o relatório infame de Khruchov.
Escutemos inicialmente o julgamento de Vassilevski.
“Stalin formou-se como estrategista. (…) Após a batalha de Stalingrado e particularmente a de Kursk, ele elevou-se ao máximo da direção estratégica. Stalin passa a pensar manejando as categorias da guerra moderna, ele se familiariza perfeitamente com todas as questões da preparação e da execução das operações. Ele exige então que as operações militares sejam conduzidas de forma criadora, dando conta plenamente da ciência militar, que elas sejam enérgicas e manobradas, tendo por objeto o deslocamento e o cerco do inimigo. Seu pensamento militar manifesta nitidamente a tendência a massificar as forças e os meios, a fazer um emprego diversificado de todas as variantes possíveis do começo das operações e de sua condução. Stalin começa a compreender bem não apenas a estratégia da guerra, o que lhe foi fácil,pois elepossuía a maravilhosa arte da estratégia política, mas também a arte operacional.”
“Stalin entrou duradouramente na história militar. Seu mérito indubitável esteve em que, sob sua direção imediata enquanto comandante supremo, as Forças Armadas soviéticas foram firmes nas campanhas defensivas e cumpriram brilhantemente todas as operações ofensivas. Mas, tanto quanto eu tenha podido observar, ele não falava jamais de seus méritos. Em todo caso, jamais o ouvi falar disso. O título de Herói da União Soviética e a posição de Generalíssimo lhes foram conferidos por proposta dos comandantes da frente ao birôpolítico. Quanto aos erros cometidos durante os anos de guerra, ele falava deles honestamente e francamente.”
“Stalin, eu estou profundamente convencido, particularmente a partir da segunda metade da Grande Guerra Patriótica, foi a figura mais forte e mais brilhante do comando estratégico. Ele se desempenhou com sucessona direção das frentes, de todos os esforços do país, na base da política do Partido. (…) Stalin permaneceuem minha memória como um chefe militar rigoroso, de forte vontade, a quem não faltava ao mesmo tempo encanto pessoal.”
Jukov começa por nos dar um perfeito exemplo do método de direção, exposto por Mao TseTung: concentrar as ideias justas das massas para retorná-las sob a forma de diretivas às massas.
“Foi a Joseph Stalin em pessoa que foram atribuídas soluções de princípio, em particular aquelas concernentes aos processos de ataque da artilharia, a conquista do domínio aéreo, os métodos do cerco doinimigo, o deslocamento doscontigentes inimigos cercados e sua destruição sucessiva por agrupamentos etc. Todas essas questões importantes da arte militar são frutos de uma experiência prática, adquirida no curso dos combates e das batalhas, fruto de reflexões aprofundadas e conclusões tiradas dessa experiência pelo conjunto dos chefes e pelas próprias tropas. Mas o mérito de J. Stalin consiste em ter acolhido de modo adequado os conselhos de nossos eminentes especialistas militares, de os ter completado, explorado e comunicado rapidamente sob a forma de princípios gerais nas instruções e diretivas dirigidas às tropas, com vistas a assegurar a conduta prática das operações.”
“Até a batalha de Stalingrado, J. Stalin não dominava senão em suas grandes linhas os problemas da estratégia, da arte operacional, da posta a prova das operações modernas,no nível de uma frente e, no último caso, aquelas de um exército. Mais tarde, sobretudo a partir de Stalingrado, Stalin adquiriu a fundo a arte de montar as operações de uma frente ou de várias frentes e dirigiu tais operações com competência, resolvendo bem vários problemas de estratégia.
“Na direção da luta armada, Stalin era de modo geral ajudado pela sua inteligência natural e sua riqueza de intuição. Ele sabia descobrir o elemento principal de uma situação estratégica e, em consequência, sabia responder ao inimigo, desencadear tal ou qual importante operação ofensiva.
“Não há dúvida: ele foi digno do comando supremo.”
Extraídos do livro Um Outro Olhar Sobre Stálin, de Ludo Martens
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