Matar Osama para salvar Obama

“Os Estados Unidos podem fazer o que se propõem; Essa é a história do nosso país. Somos uma nação, sob Deus, indivisível, com liberdade e justiça para todos” Barack Obama

Essas palavras adquirem toda a dimensão da realidade da nação mais agressora e mais imperialista de todas que existem, que sempre fez o que quis e impunemente extermina povos, nações e democracias legítimas e instaura ditaduras, sempre com o velado e servil apoio dos membros da União Europeia.

E eis que o inquilino da Casa Branca apareceu diante das câmeras para bradar ao mundo inteiro que “se fez justiça”; e o povo estadunidense, que se encontra totalmente alienado pelos meios de comunicação e seu governo, irrompeu num frenesi incontrolável de “democratas” que se regozijam com a morte, celebrando o que o genocida George Bush denominou como a “vingança da democracia” – e isso é justiça?

Me pergunto se se conhecia a localização do sujeito mais procurado do mundo desde 2001 – segundo filtrou o site Wikileaks -, devia ele, então, ter sido capturado vivo para ser julgado pelos tribunais competentes; só posso presumir que se o capturassem vivo poderia abrir a caixa de pandora que nos levaria à verdade sobre os acontecimentos do 11 de Setembro, fato este que continua por esclarecer-se.

Obama disse em sua coletiva de imprensa que a “sigilosa” operação executada pelos Navy Seals se realizou na localidade de Abbottabad, a cinquenta quilômetros da capital paquistanesa, e que se produziu um combate de cerca de 40 minutos no qual morreram outras quatro pessoas; disse também que os assassinos tinham o cadáver – logo disseram que o atiraram ao mar – que segundo os informes possuía um tiro na cabeça – por acaso um tiro de misericórdia? – e que, além disso, detiveram duas mulheres e alguns de seus filhos, que seguramente já estão em algum lugar do tipo dos cárceres secretos de Guantánamo, uma das maiores violações aos direitos humanos.

Charge de LatuffHoje, evita-se fala que Osama foi agente da CIA e que sob essa condição criou os “talibãs” para combater os soviéticos no Afeganistão e que, inclusive, chegou a estar envolvido com o financiamento dos Contra nicaraguenses e sua família foi – não se sabe se ainda é – sócia de envergadura da família Bush.

Não nos é difícil adivinhar que por trás deste anúncio existem dois objetivos claros e bem definidos:

1. Tirar do noticiário o assassinato do filho de Muammar Kadafi – que não desempenhava qualquer cargo político ou militar – e de três de seus netos ainda crianças – mostrando que a operação também possui objetivos civis -, em um crime brutal e injustificável e que viola o direito internacional – pois tentam cometer um magnicídio -, assim como a resolução do Conselho de Segurança da ONU que permitiu iniciar sua campanha imperialista no norte da África.

2. A recuperação da popularidade descendente de Obama – a mais baixa desde que assumiu a presidência – em vésperas das próximas eleições. De fato, já está em campanha… Com este anúncio, se evita que o cidadão estadunidense volte suas atenções para os problemas conjunturais de sua sociedade.

Mas a guerra contra o terrorismo segue na agenda da administração Obama – uma guerra útil para os poderes supranacionais pela simples razão de que não se pode ganhá-la, pois o inimigo é invisível; este é o único modo de continuar com a eliminação dos direitos dos cidadãos e de assegurar um modo de justificar as intervenções militares contra a soberania dos povos. Diz-se que “o mundo se sente aliviado”, mas ao mesmo tempo alerta sobre “ataques violentos em todo mundo após a morte de Bin Laden”. Por acaso é um alívio que se produza um assassinato que, pela natureza do assassinado, põe em perigo àqueles a quem dizem querer proteger?

Mataram o homem que serviu de justificativa para intervenções militares cujo custo alcança a mágica cifra de US$ 1.200.000.000.000 – prejuízo para o cidadão comum e lucro para a indústria da guerra (não só a armamentista) – e que, de fato, é paga com um genocídio (recordemos que o número de mortes provocadas pelas intervenções desde 2001 já se aproxima a um milhão, sem esquecer a cassação dos direitos civis…).

Por fim, tudo isso apenas me parece uma grande montagem publicitária repugnante em torno do assassinato de um sujeito – seja quem for – que deixa entredito as motivações que levaram à invasão no Afeganistão, e onde o decisivo apoio da União Europeia também a converte em culpada, senão veja o que disse a Comissão Europeia:

“Não contradiz – assassinato de Osama como ato de justiça – os valores e princípios da União Europeia, que advoga pela liberdade, a democracia e pelo fim da pena de morte em escala mundial”.

Hoje reafirmamos o que já sabíamos: “vivo ou morto” na linguagem oficial dos Estados Unidos – e agora da União Europeia – quer dizer morto…

Pedro José Madrigal Reyes
Fonte: www.rebelion.org

Comments are closed, but trackbacks and pingbacks are open.