As Edições Manoel Lisboa acabam de lançar o livro A Unidade Operária Contra o Fascismo. Trata-se do histórico informe apresentado pelo camarada George Dimitrov, secretário-geral do Partido Comunista da Bulgária, no 7º congresso da III Internacional, em 2 de agosto de 1935.
Dimitrov inicia sua exposição apresentando o avanço da ofensiva do fascismo no mundo como resultado da profunda crise do capitalismo e do interesse da burguesia em preparar uma guerra imperialista e barrar o desenvolvimento do movimento revolucionário dos trabalhadores contra o capitalismo.
A análise de Dimitrov sobre a preparação de uma guerra imperialista se confirma poucos anos depois com a Segunda Guerra Mundial, cujo objetivo, por parte das potências imperialistas, era o de conquistar novos mercados e colonizar povos, partilhando todo o globo e descarregando sobre os trabalhadores o peso de sua crise.
O caráter de classe do fascismo também é revelado por Dimitrov, que o caracteriza como o ajuste terrorista do capital financeiro contra a classe operária. Resultado do temor das revoluções proletárias, o setor mais reacionário da burguesia rompe com a democracia burguesa e o parlamentarismo e instaura o poder por meio do terror, do exercício da bestialidade contra os povos.
Apontando as diversas expressões do fascismo, Dimitrov coloca que este regime apresenta formas diferentes em diversos países e nem sempre é instalado a partir de uma ruptura imediata com a democracia burguesa; em muitos casos, há uma combinação de aparente legalidade com a instauração do terror.
Essa aparência democrática do fascismo foi endossada até mesmo pelos chefes da socialdemocracia, que, muitas vezes, negaram-se a combater as medidas mais reacionárias apresentadas no Parlamento, ocultando, assim, o verdadeiro caráter de classe do fascismo. Dimitrov alerta ainda para a forma como o fascismo surge e conquista influência sobre as massas, destacando o apelo demagógico sobre as necessidades mais candentes dos trabalhadores, bem como pela incitação aos antigos preconceitos alimentados pela ideologia burguesa sobre o proletariado, utilizando-se, inclusive, do termo socialismo, como foi no caso do Partido nazista alemão, que se chamava Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.
O fascismo, destaca Dimitrov, é demagógico, está a serviço do imperialismo e consegue unificar os setores mais reacionários da burguesia para instaurar a corrupção, chamando a atenção pela violência cínica do seu discurso em defesa de um governo honrado e contra a corrupção. Promete às massas melhores condições de vida, mas proporciona, na realidade, o aumento da sua exploração, empurrando a classe trabalhadora para a sarjeta.
Combatendo a política de divisão da socialdemocracia, Dimitrov defende a unidade sindical dos trabalhadores por meio dos sindicatos únicos para cada ramo de produção, através de uma única central sindical por país e de uma única central sindical mundial. Desta forma, ensina Dimitrov, os revolucionários devem desenvolver uma política classista que unifique os trabalhadores para desmascarar e deter os ataques burgueses em todos os sentidos.
Na mesma direção, orienta a criação de Associações Antifascistas para o trabalho da juventude e de mulheres. Os jovens e as mulheres estão entre os que mais sofrem com a crise econômica, com o desemprego e a miséria em que são lançados. Por outro lado, por seu espírito de combatividade rebelde, cumprem um papel decisivo na luta de classes, assim como as mulheres, que demonstram grande disposição para lutar por seus direitos sempre que são convocadas.
Os comunistas, ensina, não podem abandonar jamais a luta ideológica contra o fascismo. Não podem vacilar em defender as tradições de lutas dos povos, tampouco podem deixar passar sem luta ideológica qualquer sentimento de nacionalismo, comumente convertido pelos fascistas em retórica para ludibriar os trabalhadores. É preciso deixar claro para o proletariado que os comunistas são os maiores defensores da pátria e que os interesses do proletariado não são apenas nacionais, mas internacionais.
Diante da atual conjuntura política, marcada pela maior crise econômica do capitalismo em décadas, pelo acirramento da luta de classes, pelo avanço das mobilizações dos trabalhadores em todo o mundo e pela contraofensiva fascista, esta obra de Dimitrov apresenta uma enorme atualidade e traz vários ensinamentos que devem ser seguidos por todos os comunistas revolucionários. Nisto reside a grande importância da leitura desta obra.
Magno Francisco, Maceió
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