Caracas, 11 de dezembro de 2015. A Voz Proletária – Movimento Gayones fez uma declaração que analisa em profundidade as implicações dos resultados das eleições da Assembleia Nacional, assim como dá orientações práticas sobre os passos a seguir ante a vindoura investida da direita: construir e consolidar a Frente Popular através da Unidade Popular Revolucionária Anti-imperialista.
Declaração do Movimento Gayones
A Direção Nacional do Movimento Gayones alerta o país, a classe operária, o campesinato, as comunidades e todos os setores revolucionários e convoca à unidade programática e de ação através da incorporação decidida à Frente Popular Revolucionária Anti-imperialista as forças sociais de todo os tipos perante o avanço da direita fascista, que acaba de aceder a uma importante instância de poder do Estado burguês como é a Assembleia Nacional.
A esmagadora derrota eleitoral sofrida nos chama a discussões enquadradas na real crítica e autocrítica, como sempre nos obrigam a análise crua dos erros cometidos no processo e dos responsáveis diretos pelo descalabro total, que deixa a descoberto o engano a que o povo foi submetido com a propaganda permanente e constante de que seria Chávez o grande vencedor das eleições e que a máquina do PSUV era invencível; que havia uma pesquisa de que uma população de mais de 8 milhões de pessoas votariam pelo processo, que a oposição jamais voltaria e todo um discurso de parafernália publicitária de marketing capitalista de usar a população e a classe operária apenas para os votos.
Assumimos que a propaganda de guerra utilizada pela direita, como proprietários dos meios de produção, não foi atacada com a força necessária, nem com o concurso real dos trabalhadores. Esses proprietários dos meios de produção são os mesmos que o governo chamou às mesas de paz no palácio de Miraflores e lhes concedeu todos os pedidos exigidos; foram os mesmos chamados ao diálogo quando a Fedecámaras (organização patronal) realizou as eleições, curvando-se ante o diálogo e o equilíbrio que os fascistas da Fedecámaras exigiam.
Reunião da Unidade Popular Revolucionária Anti-imperialista
A melhor campanha para a oposição, desta vez, foi gerar filas longas e constantes para a aquisição de muitos produtos de primeira necessidade, sendo eles, a burguesia, que controla os meios de produção e pôde jogar com esse cenário em seu favor, para exacerbar a angústia e o desespero pela falta de tais produtos à população.
No documento “A Venezuela no olho do furacão”, produzido pelo Movimento Gayones, dizíamos, em 2014: “Não deve haver ilusões, a paz não virá por mágica ou por acordos com a burguesia mais reacionária, que, ao mesmo tempo, fala como se fossem industriais inocentes que vivem só para negócios legítimos, exploram os trabalhadores ao máximo, sabotam e especulam. Entramos em um novo período onde a burguesia tem desencadeado uma ofensiva para reverter avanços trabalhistas, neutralizar as leis que apóiam a classe operária e o povo, sabotar a produção, esconder seus produtos, encarecem-nos e contribuíram com bilhões de bolívares para financiar a última conspiração fascista em curso, em 2014, preparada com muito antecedência; frente a esta verdade irrefutável que se apresenta hoje com toda clareza, o processo ignorou, obviamente, a crise econômica na Venezuela, como resultado da crise geral do capitalismo; nunca contou a verdade ao povo, e aqueles que a diziam eram considerados opositores; o reino da adulação era para eles a bandeira da vitória, enquanto avançava o regime de terror que se materializa com a entrada para a Assembléia Nacional de uma maioria qualificada de 112 deputados com todo o poder do Estado burguês para fazer e desfazer, o que aqueles não quiseram fazer quando eram, em 2006, 167 deputados, temendo o que diriam os donos do capital transnacional.
A conciliação de classe se fez presente da forma mais descarada, o colaboracionismo de classes era exigido pelo governo para que os mimados da burguesia produzissem alimentos para a população, mas a classe trabalhadora foi atacada sob essa bandeira, com um ministério do trabalho que impedia a sindicalização. Os conflitos nessas empresas não deveriam se dar -asseguravam – porque eram estratégicas para os planos do governo, mas os proprietários não eram os trabalhadores.
No documento “Venezuela no olho do furacão” dissemos sobre esta situação: “Essa tática é caracterizada pela fraqueza, instabilidade e sinuosidade, um dia avança com firmeza para logo frear e negociar com a burguesia, enquanto, na realidade, desprezam a classe operária, os setores populares e o campesinato, expressa a própria natureza da pequena burguesia, acomodatícia, calculadora e falsa, temerosa do confronto e do choque que, mais cedo ou mais tarde, se dará e será mais favorável para as classes exploradas se se prepararem de forma mais decidida e de maneira firme, o que temem esses reformistas”.
No processo se ofereceu o chamado “choque” dentro do governo, e as pessoas esperavam a mudança de todo o trem ministerial, o que foi uma enorme decepção, pois o povo se incomodava por coisas que eram oferecidas para “aprofundar a revolução” e atacar a corrupção desenfreada, mas que nunca foram cumpridas.
A ilusão permanente de tentar agradar e ficar bem com os carrascos que estavam determinados a destruir o processo tem sido a constante de uma política equivocada, das negociações de paz com os agressores servis do imperialismo é outro erro gritante que tem aprisionado o presidente Nicolas Maduro; a falta de confiança que a classe trabalhadora seja capaz de dirigir é outro erro e as responsabilidades dos ministros (que não chegaram para servir, mas para construir poder para seus projetos pessoais) terminaram por corroer a credibilidade no processo. Após o revés ocasionado ao processo pelos fatores da pequena burguesia que dirige o Estado hoje, exige-se a renúncia de todos os ministros, quando o que deveríamos fazer é condená-los a um julgamento popular.
Meios adequados não foram aplicados para parar a ofensiva da direita nem na economia nem na política e, como consequência, ela pode avançar militarmente através de uma intervenção estrangeira.
O QUE FAZER
Para avançar e frear o terrorismo burguês que se instalou na Assembleia Nacional, que causará estragos na população, necessita-se de clareza de objetivos, falar com o povo a verdade revolucionária, descartar a prática populista de fazer a população acreditar que o petróleo garante a quem não trabalha os benefícios produzidos pelos trabalhadores através da mais valia. É imperativo reforçar as estruturas organizativas do povo mediante o Poder Popular Revolucionário.
É necessário aplicar para a subsistência dos quadros de vanguarda e do próprio processo, a tática revolucionária expressa no documento “Venezuela no olho do furacão”: “A tática revolucionária difere das outras por seu caráter de classe, pela intenção de libertar os explorados, especialmente o proletariado, agindo contra a reação, sendo a consolidação da teoria revolucionária e sua aplicação na prática para derrotar a ofensiva reacionária, portanto, isso leva a: aplicar os meios para conter a ofensiva econômica, política e militar da direita. Consolidar as estruturas organizativas das classes revolucionárias, dar direção ao trabalho das amplas massas. A tática revolucionária se propõe a avançar em direção ao socialismo por meio do Poder Popular Revolucionário”. Avançar até o socialismo, é o chamado que fazemos às forças populares revolucionários para sua concretização.
Pela consolidação da Frente Popular!
Unidade Popular Revolucionária Anti-imperialista!
Caracas, 10 de dezembro de 2015
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