Conferência convoca militância para crescer o PCR e desenvolver o movimento de massas revolucionário

Entre os dias 11 e 14 de agosto, realizou-se a 1ª Conferência Nacional de Quadros do PCR, que reuniu dezenas de dirigentes do Partido para debater as tarefas dos comunistas revolucionários frente à conjuntura de crise do capitalismo e ao crescimento das lutas dos trabalhadores e da juventude em todo o mundo.

Amaro Luiz de CarvalhoA Conferência convocou todos os militantes a zelarem pela segurança do Partido e terem um controle mais rigoroso da circulação de informações e estudar nos coletivos o livro Como enfrentar a repressão, das Edições Manoel Lisboa. Também, a segurança e a defesa do Partido devem ser levadas em conta em todas as ações de massas que empreendermos: nas brigadas do jornal A Verdade, nas pichações, passeatas e manifestações da UJR, nas ocupações do MLB e nas greves, paralisações e eleições sindicais organizadas pelo MLC.

A Conferência de Quadros do PCR definiu ainda que para vencer precisamos de um grande partido. Para nos transformarmos nesse grande partido, precisamos adotar uma nova postura, uma postura bolchevique, diante do recrutamento. Temos um programa, uma linha acertada, atuamos com êxito em várias entidades estudantis, sindicatos e movimentos populares, mas isso não nos basta para fazer uma revolução. É preciso crescer o partido.

Para sermos coerentes com a vontade de fazer a revolução em nosso país, devemos desde já empreender uma grande campanha de recrutamento de mulheres, jovens e operários para o Partido. O papel protagonista dessa campanha deve caber às células, que precisam atuar mais e melhor em todas as circunstâncias: nas ruas, feiras, bairros, escolas, universidades, fábricas, praças, etc. Se há agitação nesses locais, há reconhecimento e recrutamento permanentes. Para tanto, precisamos qualificar nossa relação com as massas, nossos quadros de massa devem assumir também tarefas políticas e, entre elas, a tarefa do recrutamento.

O recrutamento deve ser tratado tal qual ele é, ou seja, um ato de viragem na vida de uma pessoa, o momento de optar por uma nova vida. Não há sentido, numa conjuntura tão favorável como a que vivemos, de crescimento das lutas populares em todo o mundo, demorar meses para efetivar um recrutamento.

Aproveitemos, portanto, esse novo período para crescer o partido e avançar nossa influencia sobre o movimento de massas. A seguir, a declaração política aprovada pela 1ª Conferência de Quadros do PCR.


Declaração Política

1. O sistema capitalista vive sua maior crise desde a queda dos governos revisionistas e do estabelecimento da chamada “nova ordem mundial”. Trata-se de uma crise que é resultado do apodrecimento do capitalismo – apontado por Lênin em sua obra O imperialismo, fase final do capitalismo -, da dominação do capital financeiro sobre o conjunto da economia, do crescente desemprego no mundo, dos baixos salários pagos aos trabalhadores, do crescimento da pobreza e, consequentemente, da queda de consumo das massas nos principais países capitalistas.

O propalado desenvolvimento capitalista está desmascarado. O tão alardeado aumento da produtividade, das invenções tecnológicas, a chamada “revolução técnica”, apenas beneficiaram as classes exploradoras. Temos no mundo mais de 1 bilhão de pessoas morrendo de fome, 800 milhões de analfabetos e um desemprego proporcionalmente maior do que o que existia há 80 anos atrás, em 1929.

Iniciada em 2008, e após quatro anos, a crise não só persiste, como se aprofunda. No início eram bancos e monopólios quebrados; para salvá-los, os governos lançaram os famosos “pacotes de ajuda” e aumentaram suas dívidas públicas. Agora, estão quebrados, além dos bancos e monopólios, também os governos capitalistas. A salvação do capitalismo e dos exploradores é a nossa destruição, é o aumento da fome, do desemprego, da miséria e da superexploração.

2. Mas, como disse o poeta, o mundo não só tem tristezas. Vivemos um período de ascensão da luta dos trabalhadores e dos povos em todos os continentes. Primeiro, essas lutas surgiram e se desenvolveram na América Latina, possibilitando a derrota de governos neoliberais e a eleição de governos progressistas, mas não revolucionários.

Nos últimos anos, a luta se estendeu pela Europa, Estados Unidos e derrubou regimes autoritários e ditaduras, a exemplo do que ocorreu na Tunísia e no Egito. Como revela a explosão das manifestações em Londres, nem mesmo Deus consegue mais salvar a rainha.

Os que comemoraram a queda do Muro de Berlim, agora, com medo das revoltas populares, anunciam sua reconstrução. Os que diziam que a época da luta de classes tinha passado, agora são prisioneiros de suas mentiras e se encontram paralisados frente ao avanço da luta das massas em todos os países.

Vivemos, portanto, um novo período. Nos aproximamos rapidamente de uma situação revolucionária. Esta situação não ocorrerá ao mesmo tempo em todos os países. Em alguns ela já está presente, em outros ela está se gestando, e no futuro próximo se desenvolverá nos demais. Este é o caso do nosso país.

Assim, a perspectiva da revolução e do socialismo torna-se a cada dia mais concreta. Não nos enganemos: os próximos meses e anos reservam duros enfrentamentos entre os exploradores e explorados. As potências imperialistas não vacilarão e não têm vacilado em tudo fazer para salvar seu injusto sistema econômico e político e manter sua moral individualista e para que as riquezas continuem nas mãos de uma ínfima minoria, da oligarquia financeira internacional e seus sócios.

Prova disso são as guerras que realizam. Prometeram sair do Iraque e do Afeganistão e, ao invés disso, bombardeiam a Líbia. Prometeram reduzir as armas nucleares, mas não só as mantêm, como ampliam suas bases militares no planeta, a fabricação de armamentos, promovem golpes militares e utilizam seus poderosos meios de comunicação para enfraquecerem os governos democráticos.

Prometeram o bem-estar social, e agora aumentam a idade para o trabalhador se aposentar, reduzem os salários, demitem trabalhadores e ampliam o comércio de drogas e a prostituição.

3. As revoltas são inevitáveis, mas para não serem cegas e inconseqüentes é indispensável que a vanguarda, o destacamento avançado da classe operária e do povo, o partido comunista, honre os que tombaram na luta revolucionária e cumpra sem vacilação sua missão histórica: fazer a revolução hoje.

É tempo de tomar partido. E o único partido que um operário, uma mulher, um jovem, um sem-teto, um camponês pode tomar é o partido da revolução. É hora, portanto, de crescer o Partido Comunista Revolucionário recrutando centenas e centenas de filhos e de filhas do povo para integrar a vanguarda da revolução.

No primeiro semestre deste ano, tivemos um crescimento de 30% no número de militantes. Estamos felizes por este avanço, mas ele ainda é insuficiente. Precisamos de mais quadros para dirigir uma revolução num país do tamanho do Brasil. Se cada companheiro que hoje é militante do Partido recrutar dois militantes teremos um importante crescimento até o final do ano. Em quatro meses essa é uma tarefa plenamente possível de ser realizada se todos nós a assumirmos com determinação.

Para auxiliar o cumprimento dessa tarefa, recomendamos o estudo em todos os coletivos dos textos A luta dos trabalhadores e a perspectiva da revolução e do socialismo e Multiplicar nosso trabalho de recrutamento na classe operária.

Mas, camaradas, uma revolução para triunfar precisa não apenas de homens e mulheres comunistas, mas de homens e mulheres comunistas que não temam a morte. Esta é a única forma de impedir um banho se sangue, pois como mostra a história, toda vez que as massas se revoltaram a burguesia as massacrou sem nenhuma piedade. Foram cem mil assassinados na Comuna de Paris, milhares em 1905 na Rússia, outros milhares em Canudos, na Bahia, e até hoje não sabemos exatamente quantos revolucionários a Ditadura Militar fascista assassinou em nosso país nem quantos milhares de combatentes a Operação Condor assassinou no Chile, Uruguai, Argentina e Paraguai. Como disse o comandante Che Guevara, no imperialismo não é possível confiar nem um pouquinho assim.

Portanto, a revolução não ocorrerá de forma pacífica e precisamos nos preparar para estarmos à altura dessa tarefa.

Porém, como advertiu Lênin, a vitória da revolução só é possível se tivermos do nosso lado não só a maioria dos operários, mas a maioria de todos os explorados e oprimidos. Por isso, só triunfaremos se desenvolvermos um movimento de massas revolucionário e se estivermos à frente dele. Essa tarefa é tão importante e tão decisiva para a revolução que não podemos secundarizá-la.

Em termos práticos, isso significa que cada Comitê Regional deve garantir a realização de ocupações urbanas neste segundo semestre, bem como um grandioso 3º Congresso do MLB em outubro. Isso significa também ampliar aceleradamente o número de sindicatos que dirigimos, seja fundando novos sindicatos, disputando eleições sindicais, como fizemos no Stiupb, seja recrutando dirigentes sindicais. Significa ainda, levarmos a maior bancada de estudantes secundaristas para o congresso da Ubes, ampliar o número de DCEs e levar a UJR para os bairros populares.

Além disso, precisamos trabalhar sem descanso para vencer rapidamente nosso atraso no trabalho entre as mulheres, formando de imediato comissões de mulheres nos Estados, organizando plenárias do Movimento de Mulheres Olga Benário e lançando cartazes e panfletos convocando as mulheres a lutarem pelos seus direitos e seguirem pelo caminho de Olga Benário.

Por fim, os quadros do nosso Partido têm ainda a tarefa de construir a base material para que tenhamos em 2012 o Jornal A Verdade quinzenal, aumentarmos o número de quadros profissionais e crescer nossa máquina de guerra, o Partido. Sem recursos, sem resolvermos a questão de finanças, colocamos em risco a própria revolução.

Camaradas,

Manoel Lisboa, Amaro Luís de Carvalho, Emmanuel Bezerra, Manoel Aleixo e Amaro Félix lutaram até o último minuto de suas vidas para fazer a revolução e implantar o socialismo em nosso país. Esta tarefa agora cabe a nós. Como disse Brecht, os vencidos de ontem serão os vencedores de amanhã. Pois bem, este amanhã está chegando e para construí-lo precisamos transformar nosso Partido num partido bolchevique e nós próprios nos transformarmos em bolcheviques, trabalhando cada minuto de nossas vidas para a revolução.

Se queremos vencer, temos que trabalhar pela vitória não só em nosso país, mas em todo mundo. Somos membros da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxista-Leninistas, portanto não estamos sós. Marchemos para a vitória com os partidos marxista-leninistas irmãos da América Latina e do mundo.

Viva o marxismo-leninismo!

Viva o PCR!

Abaixo o capitalismo! Viva o socialismo!

14 de agosto de 2011

1ª Conferência Nacional de Quadros do PCR

 

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