A partir do esforço dos familiares de Amaro Félix Pereira, bem como do camarada Edival Nunes Cajá, o Partido Comunista Revolucionário e a história da resistência popular contra a ditadura militar podem agora prestar uma justa homenagem a mais um dos revolucionários que deram sua vida pela democracia e o Socialismo no Brasil.
Pernambucano de Rio Formoso, Amaro Félix nasceu no dia 10 de maio de 1929, filho de Caitana Maria da Conceição e Félix Pereira da Silva. Em 1951, casou-se com Maria Júlia Pereira, em sua terra natal. Tiveram 10 filhos, tendo o mais novo nascido em abril de 1972.
Amaro era conhecido como Procópio, em sua militância no PCR, e foi um importante líder do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barreiros (PE), juntamente com o camarada Manoel Aleixo, Ventania (ver A Verdade nº. 87).
Em 1966, tentou se candidatar a presidente do Sindicato de Barreiros, mas a candidatura não foi aceita, alegando-se estar fora do prazo legal. Apenas seu opositor concorreu. Ao término do pleito, foi preso, acusado de agitar as eleições, que não alcançaram o quórum necessário. Ficou recolhido por três dias e, ao retornar à usina onde trabalhava quase desde criança, foi demitido. Passou a viver de miudezas e da horta que plantava no quintal de casa.
No ano seguinte, foi candidato a vereador, pelo MDB, a convite do ex-deputado Miguel Mendonça, que se candidatava a prefeito, mas nenhum dos dois se elegeu. Em 1969, trabalhava no sítio de propriedade de Amaro Luiz de Carvalho, Capivara, dirigente do PCR.
Pedro Bezerra da Silva, trabalhador rural e companheiro em uma das prisões, declarou que Amaro Félix foi visto certo dia, de madrugada, depois que fora solto pela última vez e desaparecera. Estava dentro de um jipe de placa branca, que estacionou em uma oficina de carros para conserto. Amaro Félix estava deitado debaixo do banco, amarrado por correntes, sendo escoltado por policiais, quando foi visto pelo motorista e por funcionários da oficina.
Outros depoimentos confirmam as perseguições e as ameaças de morte que sofria Amaro Félix. Seu filho mais velho, Elias, declara que também foi preso e espancado pela polícia e por capangas da Usina Central Barreiros. Afirma que, sobre o paradeiro do pai, a família ouviu apenas rumores de que seu corpo teria sido jogado dentro da caldeira da usina ou no Rio Una.
Amaro foi preso em 1964, 1966 e 1969. Em 20 de janeiro de 1970, foi recolhido à Casa de Detenção do Recife para cumprir condenação de um ano de prisão. Uma certidão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), datada de 11 de março de 2005, informa que foi libertado no dia 24 de novembro de 1970. Seu último depoimento foi prestado em 7 de setembro de 1970, ainda preso na Casa de Detenção, e é com base em suas declarações que foi levantada a maior parte destas informações. Não há registros de outra prisão, tendo ele sido posteriormente seqüestrado e desaparecido no segundo semestre de 1971 ou em 1972.
Segundo relato de Edival Cajá, o camarada Procópio comprovou sua extrema dedicação e fidelidade ao Partido durante o período em que ficou preso na Casa de Detenção do Recife, e, depois de ser seqüestrado, foi torturado até a morte, já que nada revelou sobre o Partido.
A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos acolheu, em 2 de fevereiro de 2006, por unanimidade, o voto da relatora Maria Eliane Menezes de Farias propondo a aprovação do requerimento assinado por nove dos dez filhos de Amaro, em que solicitavam à Comissão o reconhecimento do pai como desaparecido político, bem como a responsabilização do Estado pelo fato.
Ao zelar pela história daqueles que tombaram na luta sem nunca ter vacilado sobre os princípios revolucionários da causa do Socialismo, o Partido Comunista Revolucionário mantém erguida bem ao alto esta bandeira e presta seu profundo agradecimento aos mais de 400 brasileiros assassinados pelo fascismo que dominou nosso país por duas décadas.
O PCR vive e luta! Viva o Socialismo!
*Fonte: Livro Direito à memória e à verdade.
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