Há décadas em luta contra a ditadura de Ben Ali, o povo tunisiano se organizou e realizou uma insurreição popular contra o governo fascista da Tunísia. Antes, porém, o povo e, sobretudo, os jovens, tiveram que enfrentar as balas assassinas das forças de repressão.
O ditador Ben Ali, apoiado pelas potências imperialistas, em particular EUA e França, resolveu enfrentar o povo fechando universidades e escolas, proibindo manifestações públicas e ordenando suas tropas a atirar contra os cidadãos e jovens que foram às ruas. No total, desde dezembro, segundo a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), mais de 78 pessoas foram assassinadas, cerca de 100 ficaram feridas e milhares foram presas, entre elas, Hamma Hammani, porta-voz do Partido Comunista dos Operários da Tunísia (PCOT), principal partido da esquerda revolucionária do país.
Mesmo assim, a rebelião popular continuou: as sedes do Ministério do Interior e da Guarda Nacional foram cercadas pela população no dia 14 de janeiro e uma greve geral realizada. Desesperado, o ditador prometeu criar 300 mil postos de trabalho, anunciou a redução dos preços dos alimentos e do gás e declarou estado de emergência no país. Nada adiantou. O povo estava decidido e consciente do que queria: o fim da ditadura de Ben Ali.
No dia 15 de janeiro, o ditador para a Arábia Saudita, país também governado por uma ditadura direitista e com duas grandes bases militares dos EUA. Deixou em seu lugar o primeiro ministro Mohammed Ghamnouchfez. Este ficou no governo menos de duas horas. Ainda no dia 15, a Corte Constitucional decidiu que o cargo de presidente interino deveria ser ocupado por Fouad Mebazza, chefe do Parlamento, e as eleições gerais realizadas em 60 dias.
Durante 23 anos, Ben Ali estabeleceu uma das mais violentas e corruptas ditaduras da África. Praticamente todos os grandes meios de comunicação do país são de propriedade de sua família, como também shoppings, grandes redes de comércios e empresas de exportação e de importação. O símbolo maior da corrupção é a família Trabelsi (esposa de Ben Ali), que se tornou nos últimos dez anos a mais rica e poderosa família do país. Para manter-se no poder, o ditador contou com sucessivas fraudes eleitorais que lhe garantiam de 89 a 94% dos votos. Em 2002, aprovou por 99% o direito de reeleger-se até a morte. Em 2009, “venceu” as eleições com 89,6% dos votos.
As denúncias de fraudes das entidades tunisianas e partidos de esquerda foram sempre ignoradas pela ONU e pelos países imperialistas.
Agora, que o povo tunisiano saiu às ruas e realizou uma insurreição, EUA e França abandonaram seu antigo e fiel aliado. De fato, logo após a queda do governo, o presidente dos EUA, Barack Obama, declarou: “Eu condeno o uso de violência contra civis que protestam pacificamente na Tunísia e aplaudo a coragem e a dignidade do povo tunisiano”.
Portanto, o fim da ditadura de Ben Ali foi fruto da valorosa luta dos trabalhadores e dos jovens tunisianos, das greves gerais, das passeatas, das manifestações de rua e da luta heróica dos revolucionários, tendo à frente o PCOT, que lutou e continua lutando por um governo nacional democrático e popular, eleições livres, uma assembleia nacional constituinte e uma nova política econômica e social que garanta trabalho e vida digna para o povo tunisiano.
A Conferência de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML), organização integrada pelo Partido Comunista Revolucionário (PCR), do Brasil, saúda o povo tunisiano pela vitória e exige a imediata libertação de Hamma Hammani, porta-voz do PCOT, de Ammar Amrussia e de todos os presos políticos.
Seguindo os passos do bravo povo da Tunísia, as populações do Egito, da Jordânia, da Argélia e do Iêmen estão também nas ruas em solidariedade aos manifestantes da Tunísia, e reivindicando mudanças em seus próprios países.
Viva a luta do povo da Tunísia!
Viva a Solidariedade dos Trabalhadores e dos Povos!
Janeiro de 2011
Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR)
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