O caráter socialista da revolução
O estudo das características da sociedade e da economia brasileira nos revela que a contradição principal existente em nossa sociedade é entre, de um lado, a grande burguesia nacional e estrangeira, a classe dos parasitas que nada produzem, mas que se apoderaram das fábricas, das máquinas, das terras, das florestas, das matérias-primas, dos instrumentos de produção, da água, do subsolo, ou seja, do conjunto dos meios de produção; de outro lado, os milhões de trabalhadores, os verdadeiros produtores de todas as mercadorias e de todas as riquezas, mas que nada possuem, além de um miserável salário que recebem pela venda de sua força de trabalho, os camponeses, os estudantes e todo o povo.
Para superar essa contradição, é necessária a destruição das relações capitalistas de produção e do Estado burguês. Em outras palavras, enquanto durar esse regime de exploração, em que uma ínfima minoria tem lucros fabulosos às custas da grande maioria da população, o povo continuará sofrendo, e a miséria, a fome e o desemprego continuarão a existir. Com efeito, o Brasil tem mais de 184 milhões de habitantes, mas somente alguns milhares de bilionários são donos das fábricas, das lojas da terra e dos bancos.
Só o socialismo pode libertar o povo
Consequentemente, somente uma revolução socialista que ponha fim à contradição entre as relações de produção e as forças produtivas, entre uma produção social e uma apropriação dessa produção cada vez mais privada, ou seja, que elimine as relações capitalistas de produção e o Estado burguês, poderá de uma vez por todas garantir fartura para o povo, o fim da exploração e do desemprego para os trabalhadores e a soberania nacional.
Dito de outro modo, o caráter da revolução é socialista e a luta da classe operária e dos camponeses é para pôr fim à exploração capitalista e socializar os meios de produção, isto é, para que as fábricas, as máquinas, as terras, os bancos sejam propriedade de todos os trabalhadores. Portanto, a burguesia é o principal inimigo da classe operária e do povo.
Mesmo assim, alguns setores da esquerda afirmam que a revolução socialista não é uma alternativa correta, pois o Brasil ainda tem muito para se desenvolver no terreno do capitalismo. Trata-se de uma estupidez, pois o desenvolvimento do capitalismo só agrava a pobreza e a miséria dos operários e dos camponeses e aprofunda a dominação dos grandes monopólios nacionais e estrangeiros sobre a economia. Na verdade, nenhum dos grandes males que o povo brasileiro sofre pode ser resolvidos se o regime capitalista, se a propriedade privada dos meios produção continuar existindo e se as classes dominantes continuarem detendo o controle sobre os governos, continuarem com o poder em suas mãos.
Vejamos. O governo federal propaga que o Brasil teve uma grande crescimento econômico em 2007, com o PIB crescendo 5,4%. Porém, esse crescimento beneficou principalmente aqueles que já são ricos e possuem imensas fortunas. De fato, o sistema financeiro dobrou de tamanho nos últimos anos e seus lucros triplicaram: em 2007, o lucro líquido do setor financeiro alcançou R$ 57,4 bilhões, um crescimento de 200% sobre os R$ 19,1 milhões de 2003.
Concluindo, as contradições fundamentais de nossa sociedade são, em primeiro lugar, a contradição entre o capital e o trabalho, entre a burguesia e o proletariado e, em segundo lugar, a contradição entre a nação brasileira e o imperialismo, em particular, o imperialismo norte-americano. Desse modo, as tarefas democráticas, antiimperialistas e socialistas são partes de uma mesma revolução. Por isso, a revolução popular deve ter por objetivo abolir a propriedade privada dos meios de produção, suprimir a exploração do homem pelo homem e construir uma sociedade onde não haja nem ricos nem pobres e onde todos trabalhem.
Em resumo, para acabar com o atual sofrimento, os trabalhadores precisam estabelecer um novo governo, um governo efetivamente dos trabalhadores e sem os exploradores capitalistas. Este é o objetivo final da luta da classe operária: todos os operários conscientes devem participar dessa luta se querem pôr fim à exploração que sofrem e conquistar a verdadeira liberdade.
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