Entre os dias 11 e 13 de setembro, realizou-se, em São Paulo, a 2ª Conferência Nacional de Quadros do Partido Comunista Revolucionário (PCR), que reuniu os principais militantes e dirigentes do partido para debater as tarefas dos comunistas revolucionários ante a conjuntura de crise da economia capitalista e de crescimento da luta de classes no Brasil e no mundo.
Durante os três dias, os participantes debateram o documento A situação internacional e as nossas tarefas, da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxista-Leninistas (CIPOML), e os informes do Comitê Central sobre a conjuntura nacional e a organização do PCR.
Importante momento da história do partido, que, em 2016, completa 50 anos de sua fundação, a 2ª Conferência Nacional de Quadros reafirmou os princípios de organização e democracia interna do partido e uniu sua militância para os embates presentes e futuros da luta pela revolução. A seguir, trechos da resolução política da conferência.
Um momento extraordinário
Oito anos depois do início da mais grave e longa crise de superprodução depois da Segunda Guerra Mundial, o processo de recuperação da produção capitalista é ainda lento e parcial, com contínuas recaídas. A economia mundial se encontra em uma fase de debilidade, que pode levar à estagnação crônica ou a uma nova recessão em muitos países. Ou seja, a próxima crise terá consequências ainda mais profundas que a anterior, já que não ocorrerá depois de um período de prosperidade, mas após um período de estagnação e modesta recuperação econômica.
Neste quadro, vemos com preocupação o crescimento extraordinário dos gastos militares das potências imperialistas, como demonstram o aumento das exportações de armas, a fabricação de novos armamentos Japão de mudar sua Constituição para permitir que seu exército atue em outros países, o expansionismo do imperialismo alemão, bem como a continuidade das guerras imperialistas no Mali, Iraque, Afeganistão, Síria, Ucrânia e Líbia.
Essa criminosa ofensiva dos capitalistas contra a classe operária e os povos deixa claro que a derrubada do poder da burguesia, a liquidação do capitalismo e o estabelecimento do poder proletário e do socialismo não são apenas a única solução para salvar a humanidade, como também uma ação inevitável e urgente dos tempos atuais.
Em nosso país, a situação não é diferente, pelo contrário. A crise econômica, política e social se agrava a cada dia. Somente nos primeiros meses deste ano, mais de 500 mil trabalhadores e trabalhadoras foram demitidos. Milhões de famílias já não conseguem pagar suas dívidas e são despejadas de onde moram. Crescem enormemente o número de moradores de rua, o empobrecimento de nossos camponeses, a criminalidade e o tráfico de drogas. E o patrimônio nacional, como portos, aeroportos, rodovias e empresas como a BR e a Transpetro são entregues ao grande capital. Ao mesmo tempo, a desmoralização dos partidos burgueses e socialdemocratas, dos governos e seus políticos, chega a níveis nunca antes vistos na história desse país.
Em resumo, vivemos um período extraordinariamente favorável ao crescimento do Partido Comunista Revolucionário, o que exige de nós maior dedicação ao trabalho revolucionário, maior empenho para conscientizar as massas, desenvolver sua organização revolucionária e, em particular, crescer o número de militantes e de células do PCR.
Para isso, é preciso que cada membro do PCR trabalhe diariamente para aprofundar os vínculos do partido com as massas, torná-los estreitos, unha e carne, e, principalmente, impulsionar, desenvolver e estar presente em todas as greves e lutas populares e operárias em todos os estados e cidades.
Construção da UP
Quanto à crise política, o partido do governo dá demonstrações de enfraquecimento, perdendo apoio no Congresso e na sociedade. Na Câmara e no Senado, os representantes da burguesia mais atrasada procuram se valer das fragilidades do governo para jogar ainda mais profundamente nas costas dos trabalhadores o peso da crise, ao passo que procuram ampliar sua capacidade de interferir nos rumos do país. Na sociedade, os trabalhadores e o povo pobre estão indignados por assistirem o governo jogar na lata do lixo as medidas que prometeu implantar durante a campanha eleitoral – e passando a atuar em favor dos banqueiros e capitalistas em geral.
Só radicalizando a democracia e entregando todo o controle dos órgãos públicos e da economia à maioria da população, ou seja, aos trabalhadores, poderemos implantar um modelo econômico e um governo voltados para os interesses sociais, e não para o lucro dos capitalistas banqueiros e grandes empresas que formam a classe minoritária. Ou seja, uma democracia socialista. Mas essa democracia só poderá ser alcançada com uma revolução popular, que vai nos livrar da exploração capitalista.
Dos 594 parlamentares, 273 são empresários, e 160 são latifundiários, fazendeiros e usineiros; somente 91 são representantes dos sindicatos (havendo ainda, entre esses, traidores como o presidente da Força Sindical); e apenas 55 são mulheres e só 47 são negros. As classes contrárias aos trabalhadores estão utilizando as instituições representativas contra nós há muito tempo e de maneira eficiente para os seus interesses (haja vista a aprovação do Projeto de Lei da terceirização, a redução da maioridade penal e a lei chamada de “antiterrorismo”, que criminaliza as greves e lutas sociais). É óbvia a necessidade de uma profunda transformação nas estruturas do poder político e esse é nosso objetivo final.
Por isso, precisamos de um partido político legal da classe trabalhadora, para atuar em defesa dela sem concessões aos partidos burgueses. Somente com um partido político legal, devidamente registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), poderemos apresentar e pôr em prática essas propostas, participando das eleições e ocupando os espaços institucionais no Executivo e no Legislativo.
Trabalhar com firmeza para conseguir as assinaturas
A carestia nas contas de luz e no aluguel, os baixos salários, o desemprego e a constante retirada de direitos, tudo isso só pode mudar realmente com a construção do socialismo no Brasil, e é para isso que estamos construindo a Unidade Popular. Portanto, contaremos com o apoio dos milhares de explorados que desejam uma mudança para melhor nas condições de vida e de trabalho a que estão submetidos.
Nesse sentido, adquire uma importância estratégica fundamental a construção e legalização da Unidade Popular pelo Socialismo (UP). Os últimos meses, em particular o mês de julho, quando conquistamos mais de 23 mil apoiamentos, mostraram-nos que, com luta e organização, conquistaremos as 500 mil assinaturas exigidas por lei. Tornar a UP uma realidade depende, principalmente, da ousadia, determinação, coesão e disciplina dos militantes do PCR.
Redação
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