Declaração da Primeira Reunião de Grupos Revolucionários do Caribe

 

pctAs organizações que subscrevem este documento, ao fazer um balanço da conjuntura política na região do Caribe, constatam como uma questão relevante a sobrevivência do colonialismo na região, qualquer que seja a forma em que este se mascare. Porto Rico, Martinica, Guadalupe, Guiana, Curaçao, Aruba, Bonaire, Anguilla, Ilhas Virgens, Ilhas Turcas e Caicos e Ilhas Caymán mantêm-se sob um regime colonial imposto pelos Estados Unidos da América, França, Holanda e Inglaterra, mediante o qual estes garantem seus interesses geoestratégicos, nas abundantes fontes de matérias primas e no mercado para suas mercadorias.

Os povos destes países sofrem a exploração econômica, a opressão política e cultural de maneira direta pelos governos e empresas multinacionais, mas também por meio das elites locais a serviço da dominação daqueles.

Estes povos mantêm uma luta permanente por suas reivindicações imediatas, pela conquista da liberdade e pelos direitos democráticos, e por conquistar a descolonização, a autodeterminação, a independência e a soberania.

Declaramos que a luta anticolonial constitui um eixo fundamental nos esforços comuns que levaremos adiante e, portanto, comprometemos-nos a desenvolver a solidariedade com os povos afetados por esta realidade e, ao mesmo tempo, educar nossas militâncias e povos respectivos sobre esta necessidade.

Assumimos que a luta anticolonial nos países citados é parte substancial da luta anti-imperialista dos povos da América Latina.

Observamos ainda que, no marco das disputas entre as potências imperialistas pelo controle de zonas geoestratégicas e dos recursos naturais, o imperialismo norte-americano leva adiante sua estratégia de recolonização dos países e nações da América Latina.

Neste marco, a região do Caribe sempre teve um lugar privilegiado para os interesses neocolonialistas norte-americanos, o que explica sua estratégia de dominação na área, que, além do controle militar, nos últimos tempos, tem como elemento importante a briga por frear a penetração econômica de outras potências na região.

Neste contexto é que se explica a ocupação militar da República de Haiti, sob a camuflagem das Nações Unidas, tal como ocorreu em outras latitudes.

Denunciamos a permanência das tropas da Minustah no Haiti como uma grave violação dos direitos e da soberania do povo haitiano, ao tempo que respaldamos as sistemáticas jornadas de mobilização dos setores democráticos e revolucionários haitianos contra a ocupação.

A ocupação militar do Haiti só se explica pelo interesse do imperialismo e seus sócios por impedir que este povo defina seu destino; manter uma grande base militar em um território estratégico no Caribe que lhe sirva de garantia ao saque das multinacionais que avançam na prospecção sobre os recursos naturais que se estimam nas montanhas do Haiti, igual ao que se sucede na República Dominicana.

Denunciamos e condenamos a ocupação militar do Haiti como parte da política de saque e opressão que historicamente aplicam as potências imperialistas contra este povo, e denunciamos também a atitude colaboracionista dos governos títeres da região, que dão suporte e legitimidade à política imperialista no Haiti.

Chamamos aos governos do Equador, Brasil e Bolívia a retirar as tropas que têm destacadas no Haiti, compondo a Minustah.

Nossas organizações reiteram de igual maneira a solidariedade com o povo de Porto Rico, que, em meio às difíceis condições da ocupação centenária, mantêm no alto sua dignidade e persevera na luta por seu direito inalienável à autodeterminação, soberania e independência plenas e que, neste momento, opõe-se a que se descarreguem em suas costas as consequências da dívida externa que pesa sobre a economia deste país.

Exigimos a liberdade imediata para o prisioneiro político porto-riquenho Oscar López, preso no cárcere dos Estados Unidos da América.

Respaldamos a luta do povo dominicano na defesa de seus recursos naturais, por aumento geral de salários, contra a corrupção e a impunidade; processo que se desenvolve de maneira ascendente.

Manifestamos nosso repúdio à ação desestabilizadora desenvolvida pelos Estados Unidos contra o Governo Bolivariano da Venezuela, ao tempo que reiteramos nosso respaldo solidário com o povo venezuelano e seu processo.

Observamos que a evolução dos acontecimentos na região obrigam as forças democráticas e revolucionárias a seguir o curso dos mesmos ante os novos cenários em perspectiva.

Declaramos nosso desejo de manter o objetivo da revolução, a luta popular de massas e a construção das vanguardas que conduzam esses processos.

Acordamos coordenar ações de educações e ação políticas acerca da realidade e evolução da situação na região, no propósito de alentar a resistência de nossos povos e coadjuvar na definição de projetos de emancipação nacional e social de acordo com os interesses momentâneos e de longo prazo da classe operária, dos trabalhadores e dos povos de nossos países.

 

Assinam:

Coordenação Caribenha e Latino-Americana de Porto Rico

Comitê Político do Partido Marxista-Leninista de El Salvador

Partido Comunista de Porto Rico (PCPR)

Conselho Nacional de Comitês Populares (CNCP) de Martinica

Partido Comunista do Trabalho (República Dominicana)

 

Santo Domingo, República Dominicana, 13 dezembro de 2015

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